A violência contra a mulher, muitas vezes, ultrapassa a esfera da segurança pública. A igualdade de gênero ainda não foi totalmente alcançada, são necessários muitos avanços. O feminicídio é o grande desafio da sociedade. Estas afirmações foram feitas pela Chefe de Polícia do Estado delegada Nadine Tagliari Farias Anflor, durante palestra na CIC de Vacaria nesta segunda-feira,14/03. O evento abordou as diretrizes adotadas pelo Governo do Estado para o enfrentamento da violência doméstica, especialmente contra a mulher. De acordo com a delegada Nadine, o feminicídio é um crime, cujo combate não depende somente das forças de segurança, mas também de uma mudança cultural. O feminicídio é o termo usado para denominar assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero. Ou seja, quando a vítima é morta por ser mulher. No Brasil, uma lei de 2015, estabelece quem quando o homicídio é cometido contra uma mulher, a pena é maior. “Infelizmente muitas mulheres não se reconhecem vítimas de violência, muitas não tem a coragem de denunciar e isto pode salvar vidas, os dados estatísticos mostram que a grande maioria das mulheres que morreram não tinham uma medida protetiva e nem uma ocorrência policial”, destaca a delegada Nadine.
No ano passado 96 mulheres morreram vítimas de feminicídio no Rio Grande do Sul. Mais de 30% dos autores desse crime cometeram suicídio. Para a delegada Nadine, são famílias envolvidas e que estão pedindo ajuda e, por isso, a sociedade tem que abrir os olhos para essa realidade e buscar soluções para mudar esse cenário. A Chefe de Polícia do Estado foi a responsável pela criação das Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres vítimas de violência e das Salas das Margaridas que são espaços de acolhimento fora das delegacias. “A minha experiência profissional mostra que o que mata, machuca é aquele sentimento de posse e propriedade dos homens ainda em relação às mulheres”, observa. A delegada acrescenta que a Lei Maria da Penha trouxe novos parâmetros para uma abordagem mais profunda desse tema. A sociedade, a imprensa, as lideranças começaram a observar mais a violência doméstica. Mas Nadine Anflor, salienta que assim como as demais leis, é necessário sair do papel e se transformar em ações concretas, como em casas de apoio às mulheres, coordenadorias municipais da mulher, espaços de acolhimentos para as mães e filhos das vítimas da violência doméstica.
A Chefe de Polícia disse ainda que nos últimos três anos ocorreu uma reorganização das ações da segurança pública no Estado com avaliação do trabalho medido através de indicadores. Nadine Anflor acrescenta que são positivos os resultados do programa RS Seguro. “Focamos inicialmente nas 23 cidades mais violentas do Estado, controlando os principais crimes, especialmente os homicídios”. A delegada afirmou que se busca cada vez mais uma investigação qualificada dentro da polícia judiciária. “Não há como combater a criminalidade se não atacar a parte econômica das organizações e isto se faz com uma boa investigação, precisamos tirar o dinheiro de lá e colocar como investimentos nas forças de segurança”. Há uma turma de 220 escrivães e inspetores passando pelo processo de formação com a previsão de conclusão das atividades em maio, e daqui seis meses 20 novos delegados deverão estar aptos a assumirem delegacias no interior do Estado, informou a delegada Nadine Anflor durante uma coletiva de imprensa na sede da CIC Vacaria.
A Chefe de Polícia do Estado delegada Nadine Anflor estava acompanhada da diretora de Comunicação Social da Polícia Civil delegada Viviane Nery Viegas. Delegados de Polícia de Vacaria e da região, assim como policiais civis e escrivães prestigiaram a palestra na CIC.
Assessoria de Comunicação